O Projeto “INDIE 2013 – MOSTRA DE CINEMA MUNDIAL – ITINERÂNCIA PORTO ALEGRE” é aprovado.
1 – O projeto “INDIE 2013 – MOSTRA DE CINEMA MUNDIAL – ITINERÂNCIA PORTO ALEGRE” é do segmento cultural do audiovisual, eventos de exibição, e trata da realização de um festival de cinema nacional e internacional, em especial de longa e média metragem, de filmes independentes e culturais. Esse festival já vem se realizando desde 2001 em Belo Horizonte/MG, desde 2007 em São Paulo/SP, e será a 2ª edição em Porto Alegre, que pretende continuar apostando em novas produções e novos diretores, trazendo filmes e cineastas inéditos no Brasil. O festival contemplará 31 sessões gratuitas, que contarão com a participação de diretores e realizadores nacionais e internacionais convidados, das quais duas serão sessões comentadas.
O projeto será realizado de 01 a 06/10/2013, nas salas P. F. Gastal (Usina do Gasômetro) e no Cine Santander Cultural, em Porto Alegre, RS.
O proponente é Surreal Produção Audiovisual Ltda., com CEPC 883, representada por Marta Barros Biavaschi.
O valor inicialmente proposto foi no total de R$ 299.045,44 (100%), a ser integralmente financiado pelo Sistema LIC.
Os objetivos do projeto são a continuidade e expansão das atividades do Indie 2013 para Porto Alegre; a formação de público espectador, disponibilizar ao público de Porto Alegre filmes recentes do cinema independente mundial; realizar mostras conceituais e temáticas; promover a circulação de informação e reflexo critico sobre o cinema independente; incentivar e divulgar os cinemas de rua, centros culturais e espaços alternativos.
A ação sociocultural é a entrada franca das 31 sessões do festival.
O SAT baixou o projeto em diligência por ter constatado algumas inconsistências, as quais foram atendidas pelo proponente e o projeto foi considerado habilitado e encaminhado ao CEC/RS.
Em 17/04/2013, o CEC baixou o projeto em diligência, pois não houve menção a respeito de quais filmes farão parte do festival e nem a nominata dos convidados.
Ao responder a diligência do CEC/RS, o proponente informou que a escolha dos filmes e a nominata dos convidados serão realizados a partir da seleção dos filmes para o Indie de Belo Horizonte, que ocorrerá 30 dias antes da abertura deste.
É o relatório.
2 – Os filmes independentes encontram mais dificuldades em serem realizados, justamente pelo fato de, em geral, contarem com menos recursos que os filmes produzidos por grandes estúdios. Com recursos reduzidos, deduz-se que existe uma limitação em termos de produção, assim como de efetivação das ideias, no sentido de não ser possível filmar tudo aquilo que os produtores têm em mente. Nem sempre isso acontece. Muitos filmes comprovam o contrário, já que é feito um apelo maior à imaginação e à criatividade. Às vezes, a simplicidade, dados os poucos recursos, é o mais genial do filme, como os exemplos de cinema nacional “Cinco Vezes Favela” (1962), ou o recente “Edificio Master” (2002).
Mas cinema independente não quer dizer apenas cinema feito à margem de grandes produtoras, distribuidoras, ou mesmo diretores. O essencial de um filme independente é sua ideia, essa sim independente. Independente em relação aos temas clichês, filmados com tendência a nunca acabar, porque vendem. Independente em relação aos efeitos visuais e sonoros cada vez mais deslumbrantes e que são feitos para competir todos os anos pelos grandes prêmios que não se cansam de ciclicamente dar o primeiro lugar àqueles que, em geral, mais vendem. Independente em relação aos esquemas de real concorrência desleal dos filmes hollywoodianos, esquemas estes que imperam no Brasil e seguramente em muitos outros países do mundo.
A ideia do cinema feito de forma independente, já que na maioria das vezes não pode contar com todos os recursos necessários, dá muito mais importância à criação, no sentido de que, ao se ter situações mais adversas para concretização de um filme, confere-se mais valor ao seu processo construtivo; o cineasta, realizador, diretor, documentarista, etc., que tem obstinadamente a pretensão de fazer um filme, mas que não conta, em termos materiais, com tudo o que gostaria para fazê-lo, arranja alternativas para efetivá-lo, de forma que finalmente a mensagem seja passada.
Outra definição para os filmes independentes atribui a eles a ideia de que têm conteúdos marginais em relação aos temas usuais dos filmes de grandes estúdios e produções, o que engloba todos os gêneros cinematográficos, pois afinal todos eles têm seus clichês particulares. Por isso, é muito comum assimilar filmes independentes a temáticas políticas, críticas e engajadas. E é aí que está a relevância e o valor do cinema independente. A ideia que, mesmo com todas as dificuldades, quer ser expressa. A imagem que, apesar do pouco espaço disponível para ser notada, quer ser vista. A palavra que quer ser dita: a mensagem deve ser passada. O conteúdo e a forma em se mostrar aquilo que não possui muito espaço institucional na nossa sociedade.
Apesar das críticas um pouco radicais, há ainda bastante esperança em termos de divulgação dos filmes independentes. Veja-se, por exemplo, os cada vez mais frequentes e numerosos festivais de cinema regionais, internacionais, temáticos, enfim. Não se pode negar a importância que esses filmes têm nesses meios. Os filmes independentes, em sua forma, questionam os valores difundidos pelo cinema comercial – se é que esse é um bom antônimo para cinema independente – e muitas vezes tentam mostrar o outro lado do fato, dar voz a quem nunca sonhou falar, contar uma história tida como desimportante para a vida dos seres humanos do século XXI, relembrar um evento e trazer à tona memórias que se apagariam se não fossem contadas. Em tudo isso está o valor inestimável do cinema independente; em propor diferentes visualizações de mundo, diferentes olhares sobre os fatos, em conceber a possibilidade de diferentes realidades sociais.
Valorização da cultura de forma autônoma: nisso está parte do que é buscado nas produções independentes. Mas não dá para conferir tamanha responsabilidade apenas a seus realizadores e difusores diretos. O público, de fato, é o maior responsável por promover o cinema, nesse caso, o cinema independente, podendo se valer dos inúmeros canais de comunicação da atualidade, bem como passar a dar importância a festivais, mostras e cineclubes também independentes, a fim de incentivar e contribuir para uma maior produção e difusão cultural, o que é fundamental.
Consolidado em outras capitais, o Indie, que começou no ano de 2001, em Belo Horizonte, surgiu com o principal objetivo de exibir o cinema internacional e nacional que não era visto no circuito comercial, apresentando uma programação que privilegia o cinema autoral, de arte, com intenções estéticas e formais que procuram explorar a linguagem do cinema e levá-la ao seu extremo. Devido ao grande sucesso e apreciação por parte dos cinéfilos, em 2007 o Indie passou a ter uma edição também na cidade de São Paulo e em 2012 aconteceu pela primeira vez em Porto Alegre, sendo considerada uma das mais importantes mostras cinematográficas realizadas no país.
O projeto propõe para seu espectador uma gama de filmes inéditos, muitos deles de novos diretores que são negligenciados pela falta de espaço para exibição nas salas de cinema. A gratuidade de suas sessões, inclusive as comentadas e que recebem convidados especiais, permite a formação de um público mais crítico e mais próximo a essas produções e aos realizadores independentes, num espaço raro e especial de encontro.
Assim, em que pese a proponente ainda não ter condições de indicar a relação dos filmes que serão exibidos no festival e a nominata dos convidados, o que acontecerá após a seleção dos filmes para o festival de Belo Horizonte, por estar tecnicamente adequado, o projeto é aprovado por ter mérito, relevância e oportunidade.
Por fim, destaca-se que a liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais fica condicionada à comprovação do cumprimento das normas legais de prevenção a incêndios nos locais onde será realizado o evento, o que deverá ser feito pelo proponente junto ao gestor do Sistema.
3. Em conclusão, o projeto “INDIE 2013 – MOSTRA DE CINEMA MUNDIAL – ITINERÃNCIA PORTO ALEGRE” é aprovado para receber incentivos fiscais através do Sistema PRÓ-CULTURA até o valor de R$ 299.045,44 (duzentos e noventa e nove mil quarenta e cinco reais e quarenta e quatro centavos).
Porto Alegre, 10 de junho de 2013.
Gilberto Herschdorfer
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, optou por: votar ( ), não votar (X) ou desempatar ( ).
Sessão das 14 horas do dia 11 de junho de 2013.
Presentes: 21 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Graziela de Castro Saraiva, Alcy Cheuiche, Isaac Newton Castiel Menda, Adriana Donato dos Reis, Paula Simon Ribeiro, Adriano José Eli, Franklin Cunha, Hamilton Dias Braga, Nelson Coelho de Castro, Nicéa Irigaray Brasil, José Mariano Bersch, Nilza Cristina Taborda de Jesus Colombo, Manoelito Carlos Savaris, Neidmar Roger Charão Alves, Maturino Salvador Santos da Luz, Walter Galvani, Gilson Petrillo Nunes, Gisele Pereira Meyer.(18)
Não acompanharam o Relator: Antonio Carlos Côrtes (01)
Loma Berenice Gomes Pereira
Conselheira Presidente do CEC/RS
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