O projeto “Circulação da Peça: A moça bonita da linha do trem” é aprovado.
1 - O projeto “Circulação da Peça: A moça bonita da linha do trem”, devidamente habilitado pela Diretoria de Economia da Cultura da SEDAC, é encaminhado a este Colegiado para a devida análise. A produção é da Associação de Desenvolvimento Cultural de Salvador do Sul (CEPC 3440), cujo responsável legal é Mari Beatriz Foletto Koester, também coordenadora do projeto. É proposta a montagem e circulação da peça de teatro “A moça bonita da linha do trem”, com duração de seis meses. “O trabalho será desenvolvido por atores amadores que há três anos fazem parte do grupo Deixa Quieto, da AAOMA – Associação dos Amigos da Oficina Municipal de Artes, sob responsabilidade de Marcos Cardoso, diretor geral da peça. A montagem faz parte dos festejos em comemoração aos 50 anos do município de Salvador do Sul, e será apresentada em escolas da sede e da zona rural. O enredo envolve ficção e história, com romantismo, aventura e dramaticidade, pois refletirá sobre a importância do trem como patrimônio ferroviário brasileiro, evocando a poética advinda das “Marias Fumaças”, lugar de encontros e partidas, um transporte que carregou riquezas, encurtou distâncias, e que suscita ainda hoje saudosas emoções. Assim, o cenário será circular, performático, que de um lado será uma estação de trem, e de outro o túnel curvo de Linha Bonita localizado na cidade de Salvador do Sul. O círculo no qual se encena a história é formado pela curvatura do túnel ao fundo e as laterais e frente pelos trilhos do trem, no qual o cenário vai girar para estabelecer novos espaços cênicos. Ao todo o projeto contará com 20 oficinas com atores e 10 apresentações com acesso gratuito, levando arte a quem não tem acesso, estimulando o conhecimento, pois sob as linhas do trem nasceram e se desenvolveram muitas cidades, além disso, configura-se como lugar de memória, onde não podemos deixar nos trilhos do esquecimento.”
“Ói, ói o trem, vem surgindo de trás das montanhas azuis, olha o trem (...) fumegando, apitando, chamando os que sabem do trem (...) Quem vai chorar, quem vai sorrir?/ Quem vai ficar, quem vai partir?” Assim como o Trem inspirou grandes composições como esta de Raul Seixas, pois na arte o trem possui uma simbologia de poesia em movimento, também se constitui no projeto não apenas como cenário, mas como um reconhecido patrimônio da humanidade, que sofreu as mudanças do tempo, e que hoje se adéqua à realidade imediatista do homem contemporâneo. Todavia, estamos através deste projeto despertando as sensibilidades que a arte do teatro nos proporciona, buscando um olhar para o passado para refletir as mudanças culturais e históricas que vivenciaram nossas gerações.”
A peça “A moça bonita da linha do trem” aborda, como romance, a importância da ferrovia no contexto regional. O espetáculo é uma história de amor que tem como pano de fundo a colonização da região que hoje compõe Salvador do Sul e outros municípios, principalmente aqueles pelos quais cruzava a linha do trem. A montagem resgata os costumes, os valores e crenças dos antepassados que contribuíram para a formação econômica, social e cultural da região de Salvador do Sul. Conta a história da família de modesto fabricante de gamelas e pequenos barcos que vivia próximo da pequena estação ferroviária da cidade (inaugurada em 1909), da qual faz parte Maria Helena – a moça bonita – protagonista desta história romântica, divertida e ao mesmo tempo saudosa. O espetáculo faz referência aos costumes e atrativos do município, tais como o grande Seminário Santo Inácio de Loyola, inaugurado em 1937, que também era escola na época em que o trem ainda percorria a localidade de Kappesberg, como era conhecido o povoado, o túnel de Linha Bonita, o primeiro feito no Rio Grande do Sul e o primeiro em estilo curvilíneo na América Latina e a igreja, locais que serviram de cenário para contar a história de amor da moça bonita da linha do trem. Desta maneira, acreditamos estar possibilitando a formação de jovens nas artes cênicas do município de Salvador do Sul, que este ano comemora 50 anos, seja através das oficinas, como pela produção geral do espetáculo que estará gerando a circulação de bens culturais, mobilizando a energia da juventude para algo construtivo. Nos dias atuais a antiga estação de trem, desativada no final dos anos 1970, funciona como centro ocupacional e abriga oficinas de artesanato e iniciação artística coordenadas pela Secretaria Municipal da Cultura.
“O projeto se justifica por promover o desenvolvimento social e cultural tanto em nível local, como regional, tornando-se uma oportunidade de aprendizado e de intercâmbio cultural. A circulação da peça envolve os municípios de São Pedro da Serra, Montenegro, Barão e, talvez, outros da região.”
É o relatório.
2 - A peça se desenvolve a partir do mito da moça bonita que morava perto da estação ferroviária de Salvador do Sul, pequena cidade no Vale do Caí que apresenta um alto índice de desenvolvimento humano (0,740 PNUD/2010). O projeto será realizado a partir de oficinas que acontecem nas escolas públicas do município. Espera-se que órgão municipal de educação possa supervisionar o trabalho, contribuindo para reforçar os seus aspectos pedagógicos.
O orçamento no valor de R$ 30.000,00 tem a seguinte previsão de gastos: 78,83% para a produção/execução do trabalho; 11,17% para divulgação; 8,33% para despesas administrativas (incluindo captação) e 1,67% previstos para impostos, taxas e seguros. Integram o projeto documentos suficientes para sua apreciação, inclusive sinopse e texto completo da peça teatral. Trata-se de projeto modesto, mas adequado à realidade sociocultural do município e que será desenvolvido dentro do sistema público de ensino. Consideramo-lo como culturalmente meritório, relevante e oportuno.
3. Tendo em vista o exposto, o projeto “Circulação da Peça: A moça bonita da linha do trem” é aprovado, podendo vir a receber do Sistema Pró-cultura RS incentivos fiscais no valor de até RS 30.000,00 (trinta mil reais).
Porto Alegre, 05 de dezembro de 2013.
Hamilton Dias Braga
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, optou por: votar ( ), não votar (X) ou desempatar ( ).
Sessão das 10 horas do dia 5 de dezembro de 2013.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Graziela de Castro Saraiva, Maria Eunice Azambuja de Araújo, Leandro Artur Anton, Adriana Donato dos Reis, Paula Simon Ribeiro, Adriano José Eli, Franklin Cunha, Leoveral Golzer Soares, Daniela Carvalhal Israel, Milton Flores da Cunha Mattos, Antônio Carlos Côrtes, Loma Berenice Gomes Pereira, José Mariano Bersch, Vinicius Vieira de Souza, Gilson Petrillo Nunes, Susana Fröhlich (16)
Abstenções: Nilza Cristina Taborda de Jesus Colombo (01)
Ausentes no momento da votação: Gilberto Herschdorfer (01)
Neidmar Roger Charão Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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