O Projeto “FESTEJOS FARROUPILHAS DO PARANHANA” é recomendado para receber incentivos do Sistema Pró-Cultura.
1 – O projeto “FESTEJOS FARROUPILHAS DO PARANHANA 2014”, é organizado e promovido pela Associação Recanto Galponeiro, CEPC 3558, com apoio da AAFFP – Associação Amigos dos Festejos Farroupilhas do Paranhana, e acontecerá entre os dias 12 e 21 de setembro, na Sede Campestre do CTG “O Fogão Gaúcho”, numa área de 16 hectares, às margens da RS 115, tendo como sede regional o Município de Taquara/RS. O evento, em sua oitava edição, presenteará a comunidade com uma programação gratuita e diversificada, com o intuito de cultivar a cultura gaúcha através do conhecimento dos usos e costumes, orientando os participantes sobre o valor cultural do tradicionalismo e divulgando o verdadeiro sentido da Semana Farroupilha.
O presente projeto visa a propagar a cultura do Rio Grande do Sul a todas as gerações, e, principalmente, apresentar às nossas crianças e jovens, de forma concreta, realizações que, na maioria das vezes, eles só conhecem através de histórias, livros, rádio e, raramente, da TV; ou, ainda, contadas pelos tios e avós. O projeto consiste em criar um elo real entre a juventude e suas próprias raízes, mostrando de onde viemos e como vivíamos; despertar o interesse pelo campo e por hábitos saudáveis, contribuindo, assim, para a ampliação dos conhecimentos das gerações futuras a partir de atos simples, mas marcantes, que terão parcela significativa na formação do caráter dos que por aqui passam, lembrando porque escolhemos ser gaúchos.
Além da propagação da cultura sul-rio-grandense a todas as gerações que participam do evento, o projeto busca despertar o interesse pelo telurismo e pela tradição vivenciada e resgatada pelas gerações passadas, detentoras de inúmeros conhecimentos, onde os principais valores evocados são o respeito e o caráter, mostrando a importância da palavra empenhada, do exercício da cidadania e do convívio em sociedade, plantando em seu subconsciente valores que irão, de certa forma, contribuir para um ambiente com menos drogas, menos violência e que prima pelo ambiente familiar.
No total haverá: 20 oficinas culturais e 04 Concursos (VII Recanto Cultural, VI Recanto Integração, VI Recanto Culinário e V Recanto Solidário), 08 espetáculos musicais e 02 espetáculos teatrais, além de uma grande exposição de fotografias, de acervos bibliográficos, vídeos e utensílios de tropeiros com Marco Angeli, cognominado “O Tropeiro do Vale do Paranhana”.
O público esperado é de 7.000 pessoas, oriundas de diversos municípios da região.
Na análise do orçamento será despendida na produção e execução a quantia de R$ 165.320,00; na divulgação a quantia de R$ 43.030,00; na administração a quantia de R$ 31.000,00; de impostos/taxas e seguros R$ 15.000,00; contabilizando um total de R$ 254.350,00.
O financiamento do projeto será assim distribuído: R$ 40.060,00 de recursos do proponente; R$ 214.290,00 de financiamento do Sistema Pró-Cultura.
O projeto deu entrada nos sistema em 04/02/14 e foi habilitado pelo SAT em 28/03/15, sendo encaminhado ao CEC em 08/04/14. No dia 10/04/2014 foi distribuído a este Conselheiro.
É o relatório.
2 – “Macondo é ‘uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos’.” Assim começa o livro Cem Anos de Solidão de Gabriel García Márquez.
Macondo é uma aldeia pacata, em que vivem trezentas pessoas, na qual se passa o romance. Fora construída por José Arcadio Buendía na sua juventude, quando, com seus homens, mulheres, crianças e animais, atravessaram a serra procurando uma saída para conquistar o mar. Após vinte e seis meses de luta, desistiram, e fundaram a fictícia Macondo no lugar onde José Arcadio Buendía havia sonhado com uma cidade onde as casas tinham paredes de espelho. E isso ele expressou no idioma espanhol.
A respeito das teses de Relativismo Cultural, representado por ideias, estilos de vida, costumes, literatura, vestimenta, culinária, música e linguagem, há cerca de duas décadas elaborei as seguintes reflexões: “A linguagem é uma criação cultural, tornada possível graças a um substrato anatômico e neurológico complexo e único no reino animal. Afinal, ela foi o principal veículo transmissor de toda a cultura e garantiu a sobrevivência e a supremacia desse ramo de primatas ao qual pertencemos. E a maravilhosa diversidade de culturas criadas pelo homem através dos tempos é que fez surgirem milhares de idiomas.
Se estes fossem apenas um meio técnico para o mero exercício do comércio internacional, haveria vantagens e nenhum prejuízo em falarmos todos a mesma língua. O problema é que signos linguísticos diversos implicam modos de pensar, de sentir e de interpretar o mundo, igualmente diferenciados.
Esse é o sentido mais profundo de uma comunidade idiomática específica: o de ter uma imagem e uma visão peculiar do homem e do seu universo cósmico e mental. Por isso, quando uma língua se extingue, perdem-se milhares de anos de história do desenvolvimento cultural e da experiência psicobiossocial de todo um povo.
Se o desaparecimento das línguas prosseguir no ritmo atual, o futuro nos reservará uma uniformização não só linguística, mas cultural, ética, estética e mesmo ideológica. E já se tornou um truísmo afirmar-se que na diversidade está a liberdade.
E se tais liberdades e diferenças já se manifestam na grafia e significados de objetos concretos e singelos, o que ocorrerá naqueles voláteis e complexos conceitos que expressam a mais alta elaboração do pensamento humano, tais como o bem, o mal, a liberdade, a opressão, os direitos individuais à vida e todos os juízos de valor no seu mais amplo sentido? Sabemos que a comunidade idiomática se funda sobre a posse comum e consensual de um grande número de tais concepções e interpretações. E, precisamente porque essa concordância é sentida como natural e não como algo especial, os povos se unem mais fortemente pela comunidade idiomática do que por um discurso ideológico de qualquer origem. Os judeus de todo o mundo, por exemplo, ao fundarem Israel, se uniram não pelas línguas de seus países de origem, mas pelo antigo hebraico. A Itália pelo toscano de Dante, a Índia, pelo híndi, a China, pelo mandarim, e nós, brasileiros, pela língua portuguesa.
Muito se tem realçado o desaparecimento de etnias, de espécies animais, vegetais e de paisagens, mas pouca ou nenhuma atenção tem se dado às perdas lingüísticas e ao papel essencial desempenhado pelos idiomas nas suas respectivas culturas. Para George Steiner, se os funerais lingüísticos continuarem com a freqüência atual, os seis mil idiomas hoje existentes, dentro de um a dois séculos serão reduzidos somente a uma centena ou menos. E, assim, perderemos um preciosíssimo acervo de nossa milenar e diversificada herança cultural que, na verdade, deu relevante contribuição para o atual estágio civilizatório.
A luta pela manutenção de variados idiomas e culturas talvez seja decisiva para a resistência à uniformização totalitária, não apenas linguística, mas de estilos de vida, de condutas éticas, de sensos estéticos e, enfim, das liberdades de expressão e de pensamento”.
Creio que diante destas singelas reflexões, nós, Conselheiros do Conselho Estadual de Cultura, não podemos deixar de estimular e apoiar as manifestações culturais lato sensu como estes Festejos Farroupilhas do Paranhana e tantos outros que, com persistência, dedicação e trabalho anônimo, nossos conterrâneos de todo o estado do Rio Grande do Sul apresentam para a aprovação de sua realização.
Afinal, como disse em meu citado texto, “na diversidade cultural está a liberdade”.
De resto o processo encontra-se corretamente instruído, nele constando toda a documentação necessária para sua análise.
3. Em conclusão, o projeto “FESTEJOS FARROUPILHAS DO PARANHANA 2014” é recomendado para a Avaliação Coletiva por seus méritos, relevância e oportunidade, podendo vir a receber recursos em incentivos fiscais até o valor de R$ 214.290,00 (duzentos e quatorze mil duzentos e noventa reais) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura – RS. No entanto, condicionamos a liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas legais de prevenção a incêndios no local do evento.
Em razão da autorização da SEDAC, expedida pelo Of. N° 06/14, o projeto é considerado prioritário, sendo dispensado de ser submetido à Avaliação Coletiva.
Porto Alegre, 22 de abril de 2014
Franklin João Marcantonio Cunha
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, optou por: votar ( ), não votar (X) ou desempatar ( ).
Sessão das 14 horas do dia 22 de abril de 2014.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Graziela de Castro Saraiva, Maria Eunice Azambuja de Araújo, Adriana Donato dos Reis, Paula Simon Ribeiro, Adriano José Eli, Gilberto Herschdorfer, Hamilton Dias Braga, Leoveral Golzer Soares, Daniela Carvalhal Israel, Milton Flores da Cunha Mattos, Antônio Carlos Côrtes, Loma Berenice Gomes Pereira, José Mariano Bersch, Manoelito Carlos Savaris, Vinicius Vieira de Souza, Gilson Petrillo Nunes, Susana Fröhlich (17)
Abstenções: Nilza Cristina Taborda de Jesus Colombo (01)
Neidmar Roger Charão Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul Departamento de Fomento Centro Administrativo do Estado: Av. Borges de Medeiros 1501, 10º andar - PORTO ALEGRE - RS