O projeto “Festa do Figo” é aprovado.
1 – Dentro do município de Nova Petrópolis, dois de seus distritos tem se esmerado em organizar sucessivamente uma festa denominada “do Figo”, que já alcança sua 42ª Edição, desde que a primeira foi realizada em 1970. De lá para cá, com raríssimas omissões, foi sendo feita dentro dos mesmos padrões e com o permanente aproveitamento das experiências anteriores, nas localidades denominadas Linha Araripe e Linha Brasil.
Para tanto, se unem as forças produtoras e as entidades regionais e levam com sua programação um pouco de atividade cultural, promovendo festas, reuniões e desfiles, tendo como foco central o produto regional por excelência, o Figo, celebrando assim sua importância e significado e ao mesmo tempo fortificando sua presença na economia do município.
Resultado da divisão territorial e da oferta de colonização a imigrantes italianos e alemães, a partir de 1846, com o fim das hostilidades da Revolução Farroupilha, o surgimento das chamadas “Linhas” constituíram-se no passo seguinte para fixar os colonos em terras antes desprezadas, em parte pelas dificuldades geológicas ou pela exiguidade das populações.
Mesmo assim, depois de 41 edições, o objetivo permanece o mesmo: valorizar o trabalho do agricultor, oferecendo-lhe junto com a oportunidade de expor o seu produto, a proposta cultural de apresentações envolvendo a comunidade e os visitantes e assim somando a celebração através de grupos teatrais, de canto e de dança, com a oferta do produto em si e dos meios que possibilitaram a sua transformação em valioso suporte econômico e financeiro para a população.
Surgiram então, ao longo do tempo, grupos culturais como o Coral “Mil Venturas”, que há mais de 100 anos preserva o canto coral da comunidade, o Grupo de Danças “Sonnenschein” e os grupos musicais que integram a sociedade local, e todos se dedicam de forma voluntária para o sucesso da festa.
É o relatório.
2 – Relatado assim com simplicidade, pode até não se entender o alcance e a profundidade da proposta que de um modo geral alberga voluntários e muito pouco exige no plano financeiro, tendo em vista dois substantivos indiscutíveis que estão por trás dessa meritória realização: modéstia e seriedade.
De fato, basta percorrer a proposta orçamentária, para verificar o quanto é séria e simples, não hesitando os proponentes em alinhar solicitações que incluem recursos próprios do proponente, uma previsão de comercialização de bens e serviços e ainda patrocínios e doações que permitem que o total solicitado fique em R$ 48.398,99 (quarenta e oito mil, trezentos e noventa e oito reais e noventa e nove centavos), quando o investimento total será de R$ 74.448,99 (setenta e quatro mil, quatrocentos e quarenta e oito reais e noventa e nove centavos).
Na própria apresentação do projeto, os promotores da “Festa do Figo” acentuam a importância da participação comunitária, informando que a presença de muitos grupos musicais será ressarcida “pelos recursos oriundos da locação dos espaços, pagos com valores simbólicos para a valorização e incentivo à participação.”
Ou quem sabe estará no significado mágico do produto escolhido, o figo, uma fruta presente desde os primeiros tempos da civilização que conhecemos? Diz-se que os primeiros povos a plantarem e colherem o figo foram judeus e árabes na Ásia milenar, e não falta quem diga que está na Bíblia, o livro sagrado dos cristãos, que a tradição garante que Adão, o primeiro dos habitantes terrestres cujo nome chegou até nós por esse meio, usou folhas da figueira para proteger a sua nudez, quando a vergonha fez sua estreia na face da Terra...
Ficção ou realidade, o doce fruto da figueira se transformou numa valiosa contribuição para as primeiras experiências de plantio e colheita, e, mesmo aqui no Brasil, teve sua estreia quando Martim Afonso de Souza trouxe-o de Portugal, em 1532.
Em 1585, Fernão Cardim já assinalava que São Paulo produzia figos, e a partir de 1920 é que começou efetivamente o plantio de figos no Brasil, na esteira das colonizações italiana e alemã, especialmente.
Hoje o fruto das várias espécies de figueiras, como a “Figueira-da-Europa”, “Figueira-de-Baco”, “Figueira do Reino”, “Figueira-de-Portugal” e “Figueira-Mansa”, espalha-se por toda essa região do Rio Grande do Sul, em nosso caso em exame, e é comercializado ou por grandes empresas, ou modestamente pelos próprios produtores, em pequenas barracas de venda no acostamento da RS235 e outras rodovias importantes que cruzam o nosso estado.
3. Em conclusão, o projeto “Festa do Figo” é aprovado por seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo vir a receber incentivos até o valor de R$ 48.398,99 (quarenta e oito mil, trezentos e noventa e oito reais e noventa e nove centavos) do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS.
Porto Alegre, 15 de dezembro de 2014.
Walter Galvani da Silveira
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
Em razão do Of. Nº 06/2014 da SEDAC, os projetos aprovados por este Conselho são considerados prioritários, sendo, portanto, dispensados da Avaliação Coletiva.
Sessão das 14 horas do dia 15 de dezembro de 2014.
Presentes: 21 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: André Kryszczun, Maria Eunice Azambuja de Araújo, Aldo Gonçalves Cardoso Júnior, Leandro Artur Anton, Demétrio de Freitas Xavier, Élvio Pereira Vargas, Franklin Cunha, Fabrício de Albuquerque Sortica, Hamilton Dias Braga, Leoveral Golzer Soares, Daniela Carvalhal Israel, Milton Flores da Cunha Mattos, Lisete Bertotto Corrêa, Loma Berenice Gomes Pereira, Rafael Pavan dos Passos, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Jacqueline Custódio, Vinicius Vieira, Susana Fröhlich (19)
Neidmar Roger Charao Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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