O projeto “FESTEJOS FARROUPILHAS DO PARANHANA – 11ª. EDIÇÃO – 2017” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto cultural “Festejos Farroupilhas do Paranhana – 11ª edição 2017” está inscrito na área de Tradição e Folclore e sua realização é prevista para o período de 09 a 20 de setembro de 2017 na sede campestre do CTG O Fogão Gaúcho, localizado às margens da RS 115, em Taquara. Apresentado pela Associação Recanto Galponeiro, CEPC 3558, tem por responsável Aécio Roberto Gampert , coordenador geral do evento. Blue Eye Produções terá sob sua responsabilidade a coordenação administrativa e financeira, enquanto MRJ Fotografe Ltda fará assessoria de imprensa e divulgação. A equipe se completa com Matias Henrique Lauck, que será o contador responsável. Orçado em R$ 102.563,50 (cento e dois mil, quinhentos e sessenta e três reais e cinquenta centavos), prevê financiamento integral do sistema Pró-Cultura RS e todas as atividades previstas serão oferecidas gratuitamente ao público.
A entidade tradicionalista Fogão Gaúcho, fundada em agosto de 1948, é o segundo CTG criado no Rio Grande do Sul, alicerçando-se como um dos esteios do movimento que nascia naqueles anos. Este CTG influenciou a expansão do tradicionalismo para toda a região do Paranhana e da Serra. O apego às tradições tem origem na localização do município — um dos primeiros originários de Santo Antônio da Patrulha —, que já no final do século XVIII integrava a “rota dos tropeiros”, que conduzia a produção de gado gaúcho para São Paulo.
A colonização de Taquara, marcadamente alemã, convive com a diversidade cultural preservando o patrimônio material e imaterial, mantendo um rico acervo arquitetônico que está complementado pela preservação dos valores artísticos, folclóricos e culturais.
A programação do evento, com o intuito de ser abrangente, utiliza-se da lição do russo León Tolstói: “se queres ser universal pinta tua aldeia”. Através de ações concretas, o proponente pretende criar elos entre as raízes resultantes da semeadura do passado com a identidade juvenil atual, apresentando hábitos e costumes que marcaram o desenvolvimento humano regional, objetivando despertar interesse no viver campeiro recheado por hábitos considerados saudáveis, preservando o lúdico, o natural, o espontâneo e o criativo.
O projeto também se preocupa com a qualidade de vida através da difusão da alimentação saudável, que será estimulada pelos produtores de agricultura familiar que ali terão espaço para comercializar a produção orgânica, além do artesanato. O fomento ao convívio com a comunidade escolar, que tem visitas diárias ao evento, é um dos aspectos da democratização da proposta, que também tem por objetivo despertar o culto à tradição e à cultura de nosso estado através da divulgação dos usos e costumes do povo sul-rio-grandense por meio de sua história.
Entre as metas, estão inseridos quatro concursos chamados de Recantos Cultural (festival de esquetes teatrais montados pela comunidade escolar sobre raízes e tradições), Culinário (concurso de pratos típicos entre os ranchos presentes no evento), Solidário (arrecadação de alimentos não perecíveis para doação a instituições) e da Integração (gincana integradora). O projeto prevê espetáculos com Pedro Ortaça, Jairo Lambari, Erlon Péricles, Cesar Oliveira e Rogerio Melo, Elton Saldanha, duas noites com talentos locais e três oficinas. As oficinas, que contemplarão até 500 pessoas por turno, terão por temática o passeio a cavalo e de carreta, lides campeiras e as danças tradicionais. Na programação consta também almoço de abertura, cavalgada, condução da chama crioula, tertúlias livres, lanches para crianças e jovens, e desfile festivo do dia 20 de setembro.
É o relatório.
2. O projeto está apresentado dentro dos padrões do Sistema Unificado Pró-Cultura e em seus anexos constam orçamentos, portfólios, plano de impacto ambiental, termo de acessibilidade, planos pedagógicos para oficinas, regulamentos dos concursos, prestações de contas de 2012 a 2015, currículos, fotos de edições anteriores e outros documentos que permitem ao conselheiro relator firmar convicção acerca da proposta.
O mês de setembro no Rio Grande do Sul é marcado pelos festejos da semana farroupilha que, em sua grande maioria, apresentam programações recheadas de fandangos, desfiles e shows com nomes reconhecidos no meio tradicionalista. A arrecadação desses eventos, em geral, contribui para a manutenção de invernadas artísticas e piquetes de laçadores. Somente por essa razão já são válidas estas iniciativas, que também são meritórias pela promoção que integra jovens, adultos e idosos movidos pela curiosidade, ou até pelo resgate de visões acerca da história, do folclore e das tradições do nosso estado.
Pouco difundida além fronteiras, a Semana Farroupilha é o evento mais marcante no calendário anual com o objetivo de preservar nossas raízes, podendo significar também um incremento na economia sempre quando a divulgação escape da obviedade e pequena consistência que historicamente só vem alcançando os cultuadores do tradicionalismo gaúcho. Quando Porto Alegre levou a sério a divulgação, promoção e publicidade da Semana Farroupilha, conseguiu conquistar quase um milhão de visitantes no parque onde o evento é realizado. Nestes tempos em que contamos as moedas na guaiaca, atrair turistas pode ser um incremento para nossa combalida economia.
Para quem vive nas pequenas comunidades do interior do Rio Grande do Sul, a semana farroupilha tem sabor e importância similares aos grandes eventos realizados nas demais unidades da federação brasileira. Nestes tempos de tantas divisões e segmentação, talvez a Semana Farroupilha seja uma das únicas oportunidades que peões e patrões, prendas e patroas, negros e brancos, nativos e imigrantes, gente da todas as idades, crenças e tendências políticas ou ideológicas tenham de se encontrar com um objetivo comum: festejar a cultura rio-grandense.
Nos pequenos distritos, vilarejos, acampamentos e comunidades rurais — distantes da área urbana —, a Semana Farroupilha costuma ser uma das únicas atividades lúdicas e recreativas no ano. Sua importância é ainda maior para aquela grande parcela da população que, por viver longe das grandes e médias cidades, não dispõe de recursos ou meios para usufruir das programações de cinemas, teatros, galerias de arte, lançamentos literários ou grandes museus. Muitos dos que vivem com agenda lotada pela oferta de atrações, até internacionais, torcem o nariz para os improvisados ranchos de costaneira com cobertura de santa fé, onde um gaiteiro ou um violeiro pode fazer a alegria de gente que tem as mãos ásperas pela lida na lavoura e o corpo cansado pelo trabalho braçal em casa ou no galpão.
O projeto em tela é uma síntese de tudo isso e oferece ainda mais ao seu público: preocupou-se com acessibilidade, com as questões ambientais, com a democratização no acesso e com a preservação dos saberes e fazeres através de três criativas oficinas que podem envolver toda a comunidade escolar. Beneficiado pela localização da sede campestre onde se realizará, poderá contemplar, também, as comunidades de Parobé, Rolante, Riozinho, Igrejinha e Três Coroas, além de despertar a atenção dos turistas que se dirigem a Gramado e Canela.
É de se lamentar que não conste a participação da Prefeitura Municipal de Taquara no orçamento do evento, e, sendo assim, cabe lembrar que a legislação vigente veta o uso da logotipia do Município no material de divulgação. Também cabe o registro da necessidade de PPCI para todas as instalações da promoção.
Para que este evento seja ainda mais forte, será imprescindível inserir a importante colônia de senegaleses e haitianos localizada nas proximidades da Sede Campestre. Sem dúvida, os organizadores também estarão atentos envolvendo a FACOS, principalmente seu curso de turismo, nas ações propostas afim de que este evento amplie a presença de turistas em Taquara.
O orçamento racional e dentro de todos os padrões de mercado faz com que este projeto seja oportuno, cabendo apenas mencionar que considerando a modesta aplicação de recursos em divulgação exigirá que o proponente busque formas alternativas de comunicação para que toda a população da região tome conhecimento da amplitude daquilo que é ofertado.
Ao ler este projeto, tem-se a impressão de que seus proponentes estão atentos à necessidade de envolvimento dos jovens nas ações propostas a fim de que seja viabilizado à geração que conduzirá este Estado amanhã as possibilidades de desvendar raízes para poder conhecer a história, preservar os saberes e ampliar o território das conquistas a partir da sabedoria dos que aqui já estavam ou dos que se juntaram na construção do Rio Grande. Assim, esta iniciativa se faz relevante, e sua realização, necessária.
Além das oficinas, as atividades culturais previstas para os recantos são de uma riqueza exemplar que merece ser amplamente divulgada a fim de tornar público em todo o estado o quão bem pode ser aproveitada uma programação criativa, inteligente e que estimule a participação coletiva, a solidariedade, o trabalho em equipe, a valorização da escola na premiação, além de um conjunto de fatores positivos referentes a questões do desenvolvimento humano (valoração dos mais velhos, prevenção à dependência química, reconhecimento da agricultura familiar, promoção do artesanato) que merece reconhecimento dado ao seu mérito.
Esta é uma iniciativa que merece ser conhecida e prestigiada, pelos mais de 54.000 habitantes, da velha colônia de Santa Maria do Mundo Novo, banhada pelo rio dos Sinos e que em seus 131 anos de história, pode se orgulhar de apresentar um índice de desenvolvimento humano de 0,819, considerado muito alto. Este projeto afirma que um dos primeiros CTGs do Rio Grande do Sul sabe valorizar a intersetorialidade das ações a fim de ampliar seus resultados, e o faz valorizando a educação, a preservação ambiental, o teatro, a agricultura, a música, a gastronomia, o esporte, o artesanato e a assistência social.
3. Em conclusão, o projeto “Festejos Farroupilhas do Paranhana – 11ª Edição - 2017” é recomendado para avaliação coletiva, considerando seu mérito, relevância e oportunidade, podendo captar recursos do Sistema Unificado Pró-Cultura RS até o limite de R$ 102.563,50 (cento e dois mil, quinhentos e sessenta e três reais e cinquenta centavos).
Porto Alegre, 20 de maio de 2017.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Relator
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 22 de maio de 2017.
Presentes: 20 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Jaime Antônio Cimenti, Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, Ruben Francisco Oliveira, José Mariano Bersch, Plínio José Borges Mósca, Élvio Pereira Vargas, Erika Hanssen Madaleno, Dael Luis Prestes Rodrigues, Maria Silveira Marques, Marlise Nedel Machado, Luciano Fernandes, Lucas Frota Strey e Walter Galvani.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: Luiz Carlos Sadowski da Silva e André Venzon.
Abstenções: Gilberto Herschdorfer.
Ausentes no Momento da Votação: Vinicius Vieira.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 25/05/2017 e considerados prioritários.
Antônio Carlos Côrtes
Conselheiro Presidente do CEC/RS
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