Processo nº 0136-1100/18-0
Parecer nº 045/2018 CEC/RS
O projeto “LET’S JAZZ! FESTIVAL – 1ª. EDIÇÃO - 2018” é recomendado para a avaliação coletiva.
1. O projeto Let’s Jazz! Festival – 1ª. Edição - 2018, processo n. 18/1100-0000136-0, foi cadastrado eletronicamente em 04/01/2018, habilitado em 24/01/2018 pelo Setor de Análises Técnicas da Secretaria de Estado da Cultura e encaminhado ao Conselho e distribuído a esta conselheira em 24/01/2018. É um Novo Projeto Cultural da área de Música. O período de realização é de 06 de setembro a 14 de outubro de 2018, na cidade de Bento Gonçalves.
O projeto em análise tem como produtor cultural Kallós Editora Multimidia, e o responsável legal é Charles Tonet, que atua na função de coordenador geral. A equipe principal é composta por Charles Tonet, pessoa física, CPF 956.889510-87, a cargo da coordenação geral; João Carlos Pulita, pessoa física, CPF 344.085.170-20, como coordenador de comunicação; Carlos Fernando Berwanger Branco, pessoa física, CPF 404.968.210-91, responsável pela curadoria artística; Branco Produções, pessoa jurídica, CNPJ 05.060.696/0001-65, responsável pela coordenação artística; e Francisco Favero, CRC 036.812, como contador.
Do projeto
Um festival de jazz que acontecerá durante 3 dias no Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves/RS. A proposta do festival é levar ao público músicos e bandas de jazz em um ambiente ao ar livre e agradável, para que desfrutem da experiência do jazz por completo, em muitas das suas formas. Integrarão a programação 18 bandas e artistas do Brasil e exterior que ocuparão 2 palcos distribuídos pelo espaço, contemplando assim muitas das vertentes do estilo. Além disso, o festival levará para o público 05 apresentações de um espetáculo didático em datas anteriores às apresentações das bandas, ensinando princípios musicais para alunos e professores de escolas da região e 4 audições de jazz comentadas nas semanas que antecedem o evento, estes 2 últimos com acesso gratuito. São esperadas 4.000 pessoas por dia de festival: 3.000 com ingressos diários e 1.000 com ingresso passaporte para os três dias. O total de público envolvido no projeto é previsto de 10.000 pessoas.
São os seguintes os shows: Bina Coquet, Funkalister, Kula Jazz, Leila Maria Trio, Nei Lisboa e Salvagni Big Band, Daniel Grajew, Marmota Jazz, Valdir Verona & Rafael de Boni, Antonio Adolfo, Christian Sperandir, Manuela Fraga Trio, Lostos Harris, Quinteto Canjerana, Dois na Rede (Mauro Senise & Gilson Peranzetta), Luizinho Santos Quarteto, Gregorie Maret, Luisa Sobral e Leo Gandelman.
Os Concertos Didáticos oferecidos para 1.000 alunos e professores de escolas da Região dos Vinhedos são um espetáculo cênico musical que une o grupo de câmara Quimetais e o ator Márcio Ramos. Os concertos serão roteirizados por Ana Fuchs, com figurino de Raquel Capeletto, onde o ator interpreta o professor e maestro Ludovico Von Von, um professor de música nada convencional que ministra um concerto didático para as crianças. Durante 50 min os espectadores mirins interagem com o regente e, brincando, aprendem sobre itens como harmonia, contraponto e ritmo, além de conhecerem as peculiaridades dos instrumentos do quinteto de metais: trompete, tuba, trombone e trompa. A proposta é um momento lúdico, unindo a música com o teatro e as diversas possibilidades de encontros entre estas duas linguagens artísticas. O roteiro do espetáculo passa por diversos períodos da história da arte e o figurino remete ao estilo mambembe.
As 4 audições de jazz comentadas nas semanas que antecedem o festival terão acesso gratuito do público. Sessões comentadas de jazz, com o produtor cultural e especialista em jazz, Bruno Melo -- com o objetivo de desmistificar o estilo musical e possibilitar o diálogo com especialistas no assunto -- irá conduzir o público com audição de músicas para ilustrar a história do jazz. São esperadas 200 pessoas.
Das dimensões simbólicas, econômica e cidadã
Diz o proponente:
A programação foi idealizada em formato de festival a fim de oferecer inúmeras atrações diárias; e assim atrair um público heterogêneo formada por pessoas acostumadas a consumir o gênero e musical e outras que são apenas curiosas sobre o estilo, popularizando os artistas e a música. As ações de democratização tem papel fundamental na formação de plateia, tanto para a música como para eventos culturais em geral, já que leva ações para dentro de escolas, alcançando assim crianças e jovens e para locais públicos, onde já se tem o hábito de frequentar, levando o jazz para o cotidiano da população do Vale dos Vinhedos. Este evento mobiliza a economia da região, já que o público do festival vem em grande parte de outras cidades, movimentando hotéis, restaurantes, cafés e serviços em geral.
Continua:
É diretamente responsável pelo oferecimento de vagas de trabalho temporário durante a produção e realização do projeto: profissionais de produção, artistas, imprensa, segurança, limpeza, entre outros.” Segue o texto: “Como forma de garantir a acessibilidade universal, serão instaladas rampas, corredores de acesso, banheiros para PNE, totens de comunicação com sinalização em braile e com audiodescrição disponível dos ambientes onde serão realizadas as apresentações como um todo. O espetáculo contará com intérpretes em libras...na orientação do público no espaço e no palco de abertura de cada show, anunciando a atração.” Finaliza: “Ainda serão doados 2.000 ingressos à população (1.000 via PróCultura (sic) e 1.000 via MinC) de um total de 10.000 ingressos e serão vendidos a preços populares outros 2.000 ingressos, respeitando os limites do Vale Cultura.
Metodologia
A metodologia descreve o planejamento do projeto que será desenvolvido em 5 (cinco) meses, seus passos, suas atividades. O complexo Casa Valduga disponibilizou gratuitamente o espaço para a realização do projeto. Cabe destacar uma informação que aparece dentro da metodologia, que diz o seguinte:
Para que o festival se realize em sua totalidade conforme foi planejado, o proponente, que não será remunerado em nenhuma rubrica desde projeto, investirá um volume importante de recursos próprios e terá o retorno de seu investimento com os rendimentos da bilheteria. Se houver, o excedente de valor da venda de ingressos será investido em novas edições do projeto a fim de garantir que em uma próxima edição não seja necessária a solicitação de financiamento tão próximo aos limites permitidos nos programas de incentivo fiscal para a cultura nas esferas Federal e Estadual, tornando, idealmente, o projeto autossustentável em alguns anos.
Plano de Comercialização
O valor total das vendas de ingressos nos 3 dias de espetáculos para público em geral, estudantes, idosos somam R$ 1.015.355,00 (um milhão, quinze mil e trezentos e cinquenta e cinco reais). Esse valor, ou parte dele, não reverte para o custeio de itens do projeto, conforme consta do parecer do SAT.
Dos custos do projeto e análise do orçamento
O valor total apresentado se divide desta forma:
Recursos próprios do proponente: R$ 834.208,00, o que significa 47,85% do total do valor final.
Projeto apresentado ao Ministério da Cultura: R$ 674.043,22, o que significa 38,66% do valor final do projeto.
Projeto apresentado ao Sistema LIC/RS: R$ 235.213,88, o que significa 13,49% do total do projeto.
Valor total: R$ 1.743.465,10 (100%).
É o relatório.
2. Trata-se de um festival de jazz que acontecerá em 3 dias no Complexo Casa Valduga, em Bento Gonçalves.
A história do estilo musical começa desde a época da escravidão negra nos Estados Unidos. Naquela época, os escravos festejavam diversas cerimônias com seus cantos e tambores. Alguns desses festejos eram religiosos. Quando o tráfico de escravos começou, vieram muitos africanos do oeste da África, que trouxeram suas fortes manifestações culturais. O jazz é um encontro de ritmos e tradições. com a manifestação musical dos africanos e a influência da música europeia, foram surgindo alguns estilos musicais que deram origem ao jazz: o ragtime, blues e spirituals. Enquanto o jazz pode ser de difícil definição, improvisação é claramente um dos elementos essenciais. O spiritual era uma música de manifestação essencialmente religiosa, de natureza sobretudo vocal, que se perpetuava oralmente.
New Orleans, nos Estados Unidos, é a cidade que viu o jazz surgir, para após ele se expandir para outras cidades. Uma cidade do estado de Louisiana que habitava negros africanos, americanos, brancos, asiáticos e outros. Uma mistura perfeita para ver o surgimento de uma manifestação artística como o jazz.
Com o passar do tempo, a popularização do jazz foi inevitável. A partir do início do século XX, surgiam as primeiras bandas que tinham uma formação composta de trombone, contrabaixo, piano, corneta, clarineta.
Uma banda em particular foi a responsável por propagar a nomenclatura jazz e tornar o estilo mais conhecido. Essa banda era a Original Dixieland Jazz Band.
A partir dos anos de 1910, os brancos ouviam e tocavam jazz, mas somente a partir de 1920 que a manifestação artística passou a ser fazer parte da cultura branca.
Um dos grandes motivos para a popularização do jazz foi quando os americanos brancos passaram a se interessar por shows, teatro e cinema. Isso aconteceu logo após a Primeira Guerra Mundial. Nesse cenário, houve uma forte emigração dos negros para grandes cidades, como Nova Iorque, e isso difundiu o jazz mais do que nunca.
A popularização do jazz, a partir de 1920, alcançou patamares internacionais. As orquestras viajam pela América do Sul e pela Europa e a música passa a ser conhecida mundialmente. A partir dos anos 20, com a indústria de discos se desenvolvendo cada vez mais, essa manifestação artística não parou de crescer e hoje é um dos estilos mais consagrados da história, com diversas expressões, artistas renomados e muitos seguidores.
O século XX criou o jazz, que imortalizou diversos artistas que formam a cultura do jazz e hoje são considerados os melhores cantores de todos os tempos. Por exemplo: Billie Holliday, Louis Armstrong, Miles Davis, Ella Fitzgerald, John Coltrane, Mille Davies, entre outros. As mulheres foram expressões brilhantes no jazz. Foram vários nomes que trouxeram vida à arte do jazz. Pianistas, compositoras, cantoras e outras artistas gravaram seu nome na história. Pode-se destacar as cantoras: Mari Lou Williams, Sarah Vaughan, Nina Simone.
O jazz se derivou para alguns outros estilos famosos, como swing, bebop e cool jazz.
No Brasil, “dos anos 1980 em diante a onda fusion (fusão de várias ideias, origens e tendências), da qual Miles Davis foi um dos principais expoentes, facilitou ainda mais a expansão das fronteiras da música instrumental produzida no Brasil. Nessa época, os ouvidos exigentes dos apreciadores de jazz mundo afora se deleitaram, por exemplo, com os emergentes Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti. “Ambos, pela especificidade, pela elaboração e pela mescla de formas, chamaram a atenção da crítica”, lembra Zuza Homem de Mello, pesquisador de música e compositor.
”Quando Glenn Miller explodiu mundialmente, as orquestras brasileiras, que tocavam ao vivo em bailes e festas, já tinham a formação instrumental rigorosamente americana, com cinco saxofones, três trombones, quatro trompetes”, lembra Amilton Godoy, pianista e integrante do Zimbo Trio.
Somente com a Bossa Nova, no final dos anos 1950, foi que o improviso, essência do jazz, passou a ser empregado em canções tipicamente brasileiras – o que propiciaria, nas décadas seguintes, a difusão mundial do chamado jazz brasileiro. Diz Amilton, “no jazz, você não compra a música. Você compra o instrumentista, na verdade. Eu, por exemplo, não me importava com o repertório do Charlie Parker, mas sim em como ele tocava. A especificidade reside na genialidade e na erudição dos intérpretes, que, além de grande conhecimento da história da música, dão-se o direito de criar em cima dos temas existentes. O improviso jazzístico é uma atitude tanto quanto uma técnica. E pode ser ensinado” enfatiza.
Como o Complexo da Casa Valduga não possui acessibilidade universal nas áreas externas, onde será realizado o festival, serão feitas as adaptações necessárias para garantir à população o acesso ao projeto sem dificuldades: serão instaladas rampas e corredores de acesso, além de totens de comunicação em braile e banheiros para portadores com deficiência.
Não existe nenhuma referência ao PPCI. Portanto, condiciono a liberação de recursos à apresentação do PPCI para o evento.
Faço uma glosa de 20% sobre itens do projeto excluindo-se as apresentações artísticas, ficando em R$ 205.583,10 (duzentos e cinco mil, quinhentos e oitenta e três reais e dez centavos).
3. Em conclusão, o projeto “Let’s Jazz! Festival – 1ª. Edição - 2018” é recomendado para a avaliação coletiva em razão do seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo receber incentivos no valor de R$ 205.583,10 (duzentos e cinco mil, quinhentos e oitenta e três reais e dez centavos) do Sistema Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-cultura RS.
Porto Alegre, 07 de fevereiro de 2018, ano do Cinquentenário do Conselho Estadual de Cultura.
Liana Yara Richter
Conselheira Relatora
Informe:
O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, somente votará em caso de empate.
A liberação dos recursos solicitados em incentivos fiscais está condicionada à comprovação junto ao gestor do sistema do rígido cumprimento das normas de prevenção a incêndios no(s) local(is) em que o evento for realizado.
Sessão das 13h30min do dia 07 de fevereiro de 2018.
Presentes: 19 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ivo Benfatto, Paula Simon Ribeiro, José Mariano Bersch, Élvio Pereira Vargas, Antônio Carlos Côrtes, Erika Hanssen Madaleno, Paulo Cesar Campos de Campos, Maria Silveira Marques, Luciano Fernandes, Claudio Trarbach, André Venzon e Walter Galvani.
Não Acompanharam o Relator os Conselheiros: Luiz Carlos Sadowski da Silva, Gilberto Herschdorfer, Dalila Adriana da Costa Lopes e Rafael Pavan dos Passos.
Abstenções: Ruben Francisco Oliveira.
Em razão do Of. Nº 182/2015 da SEDAC, os projetos recomendados por este Conselho foram submetidos à Avaliação Coletiva da Sessão Plenária Ordinária do dia 14/03/2018 e considerados prioritários.
Marco Aurélio Alves
Conselheiro Presidente do CEC/RS
Faço uma glosa de 20% sobre itens do projeto excluindo-se as apresentações artísticas, ficando em R$ 188.171,10 (cento e oitenta e oito mil, cento e setenta e um reais e dez centavos).
3. Em conclusão, o projeto “Let’s Jazz! Festival – 1ª. Edição - 2018” é recomendado para a avaliação coletiva em razão do seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo receber incentivos no valor de R$ 188.171,10 (cento e oitenta e oito mil, cento e setenta e um reais e dez centavos) do Sistema Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-cultura RS.
Tendo em vista a existência de plano de comercialização e, de acordo com o Art. 15 da IN 01, de 29 de fevereiro de 2016, o valor solicitado LIC/RS fica em R$ 188.171,10 (cento e oitenta e oito mil, cento e setenta e um reais e dez centavos).
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