
Processo nº 00274/2020
Parecer nº 020/2021 CEC/RS
O projeto “Conexão Cultura - Assim Canta a Nossa Gente” é recomendado para financiamento pela LIC-RS.
1. Identificação do Projeto
Titulo do projeto: “Conexão Cultura – Assim canta nossa gente”
Processo: 00274/2020
Período de Realização: Evento não vinculado à data fixa.
Local de Realização: Município de Erechim
Área do Projeto: Música
Proponente: Fundação de Comunicação para Educação e Assistência Social – Fundação CEAS
CEPC: 7726
Responsável Legal: Marcio José Dal Pizzol
Função: Proponente e Coordenador Geral do projeto
Equipe Principal
Nome do profissional: Marcio José Dal Pizzol
- Fundação CEAS
Função: Proponente e Coordenador Geral do projeto
Nome do profissional: Valdomiro de Moura (DJ Cachorro)
Função: Produção, edição e apresentação dos programas
Nome do profissional: Sirlei Fátima Ioppi
Função: Produção e edição de fotos e vídeos
Nome do profissional: Carla Emanuele Colla Sirena
Função: Textos e Matérias jornalísticas
Nome do profissional: Appoiare Instituto de Pesquisa e Capacitação Ltda
Função: Assessoria Administrativo/Financeira e Prestação de Contas Final
Nome do Contador: Adelar Rigoni
CRC: 30519/RS
Recursos próprios do proponente: não há.
Receitas previstas com a comercialização de bens e serviços: não há.
Patrocínios ou doações, sem incentivo fiscal: não há
Valor Proposto para a LIC: R$ 93.499,00 (noventa e três mil e quatrocentos e noventa e nove reais)
Valor Habilitado pelo SAT: R$ 93.499,00 (noventa e três mil e quatrocentos e noventa e nove reais)
Segundo o SAT, “Diante das informações apresentadas e observado o enquadramento da proposta, o projeto cultural é habilitado e encaminhado para avaliação do Conselho Estadual de Cultura – CEC.
O CEC avaliará os projetos habilitados, emitindo parecer sobre o mérito cultural e sobre o grau de prioridade, nos termos e prazos previstos no Decreto 55.448 de 19 de agosto de 2020 e nos artigos 14 e 15 da Instrução Normativa Sedac nº 05 de 02 de setembro de 2020.
É o relatório.
2. Em sua apresentação, o projeto, veiculado na rádio comunitária Rádio Cultura (Erechim), afirma que, como seu objetivo geral, tem: "Produzir um programa especial de rádio - “Conexão Cultura – Assim Canta Nossa Gente” - com 12 edições e participação ao vivo, semanalmente, de 10 bandas musicais do Município de Erechim, como forma de criar oportunidade de trabalho e renda para artistas, mantendo atuante as pequenas bandas que tiveram suas atividades interrompidas devido a pandemia e contribuindo para o fortalecimento da identidade cultural da comunidade.”
E, em sua justificativa, o proponente declara também que: “O programa Conexão Cultura é apresentado de segunda a sábado e leva aos ouvintes a boa música gaúcha, fandangueira, e de bandas típicas da região Sul (Os Atuais, Passarela, Flavio Dalcim, San Francisco, Corpo e Alma, JM, Rogério Magrão, San Marino...). O Projeto “Conexão Cultura – Assim Canta Nossa Gente” propõe uma programação diferente num dos dias de sua exibição, levando a cada semana uma Banda para um show ao vivo, feito diretamente no estúdio principal e transmitido pela emissora de rádio e live através de redes sociais da rádio. Serão 10 programas, apresentados nas quartas-feiras com duração de 3horas, das 20h às 23h, mais um programa de abertura e um de encerramento. Pretendemos com este projeto manter atuantes as pequenas bandas musicais do município de Erechim que neste momento estão passando por dificuldades e impossibilitadas de trabalhar devido a pandemia, além de levar momentos de cultura e entretenimento para os ouvintes da rádio e comunidade em geral, que poderá interagir com os artistas e apresentador durante s programas. Durante as gravações serão tomados todos os cuidados recomendados para a prevenção da Covid-19.”
3. Análise de Mérito
Em sua dimensão simbólica, o proponente afirma que “Ao longo destes anos, a Rádio Cultura esteve presente no dia-a-dia do erechinense de maneira marcante, com campanhas sociais de grande vulto, polêmica, entretenimento, o que lhe garante uma excelente audiência em sua área de abrangência. Atualmente a rádio conta com uma equipe de 09 apresentadores e comentaristas, com uma programação variada para públicos de todas as idades. Um dos programas de grande destaque da emissora é o Programa Conexão Cultura, que está no ar desde 2008, tendo em sua história dois apresentadores, sendo que o atual - Valdomiro de Moura, conhecido neste meio como DJ Cachorro - está no ar desde 2013. Ele traz em sua essência, as músicas mais ouvidas nos bairros da cidade de Erechim, tendo muita identificação com as pequenas bandas que costumam animar os jantares dançantes das Associações de Moradores dos Bairros e encontros de casais da terceira idade durante os finais de semana.”
Em sua justificativa de sua dimensão econômica afirma que: “Em razão do distanciamento social, os tradicionais bailes, festas, jantares dançantes das Associações de Moradores dos Bairros e encontros de casais da terceira idade durante os finais de semana foram suspensos, impactando diretamente na renda dos artistas que tocavam nestes eventos. Assim justifica-se a realização do projeto, como forma de proporcionar trabalho e renda para artistas e prestadores de serviços do segmento cultural, mantendo atuante as pequenas bandas que tiveram suas atividades interrompidas, bem como apoiando os talentos locais, incentivando e divulgando seus trabalhos na música".
No que corresponde à dimensão cidadã, o projeto coloca que: “As rádios comunitárias foram criadas para proporcionar informação, cultura, entretenimento e lazer às pequenas comunidades e servir como canal de comunicação com a comunidade. Elas devem oferecer espaço para o desenvolvimento, no sentido de difundir a cultura local, integrar e estimular o convívio social, auxiliar na prestação de serviços de utilidade pública e apoiar a prática da cidadania. É isso que a Fundação CEAS/Rádio Cultura pretendem com o Projeto “Conexão Cultura – Assim Canta Nossa Gente”. A pandemia do novo coronavírus trouxe muitas mudanças no mercado de trabalho do segmento cultural. Frente a isso, a Rádio Cultura não poderia deixar de realizar uma ação para contribuir com artistas locais, neste momento de isolamento social.”
É sempre importante lembrarmos que, lançado oficialmente em 1922, com uma transmissão do presidente Epitácio Pessoa, o rádio no Brasil completa quase um século bem diferente do que era antes: sumiram as radionovelas, os programas famosos da Era do Rádio, como Carmem Miranda, Emilinha Borba e Grande Otelo, e perdeu para a televisão o posto de veículo de massa por excelência. Mas, na modernidade dos engarrafamentos e da vida agitada do dia a dia, o rádio continua sendo um excelente veículo pela sua eficiência e instantaneidade.
Desde os anos 1970, as rádios sem fins lucrativos se multiplicaram pelo Brasil, sejam como comunitárias, quando têm autorização para funcionamento, ou livres, termo que se refere àquelas que ocupam o espectro eletromagnético mesmo sem permissão legal. Desde sempre, a preocupação foi falar para públicos específicos, permitindo o debate e a discussão da cidadania. Ainda hoje, quando o rádio para alguns se tornou coisa do passado, devemos lembrar que usar o transmissor para se comunicar é única opção ainda para muitas comunidades. Vivemos uma contemporaneidade de muita expectativa em relação às possibilidades das rádios comunitárias e do seu alcance com a digitalização iminente. A digitalização do rádio certamente traz muitas novidades, como a possibilidade de cada emissora pode se valer da multiprogramação, onde um mesmo transmissor pode enviar mais de um programa, o que pode ser especialmente útil para emissoras públicas e comunitárias. Novos serviços, uma qualidade de áudio superior e a possibilidade de transmissão de dados adicionais configuram finalmente esse novo ambiente digital como uma nova oportunidade de negócio para as emissoras, revitalizando o rádio enquanto uma plataforma de mídia convergente ainda a ser descoberta.
Provavelmente ainda não se inventou um imposto sobre a respiração, mas o ar é tão estatal como o subsolo nacional. Por meio de outorgas, o Governo Federal permite a utilização por parte de empresas e entidades das frequências que atravessam a atmosfera. Onde a maioria enxerga o vazio, existe uma batalha econômica que tende a aumentar nos próximos anos. As ondas invisíveis são disputadas por grandes redes nacionais de rádio e TV e pelas multinacionais de telefonia e suas bandas largas, além de satélites, radares, antenas parabólicas etc.
A batalha para manter os veículos de comunicação comunitária em atividade, entretanto, é extremamente dura. Como exemplo, podemos citar as enormes dificuldades para a obtenção das outorgas e as restrições, impostas pela Lei 9.612/98, que regulamenta o serviço. A Democratização da Comunicação no Brasil é uma espécie de “reforma agrária do ar” e que atualmente se expande para as redes digitais, exigindo um debate atualizado sobre o tema para a elaboração de um novo Marco Regulatório das Comunicações. A lei vigente das rádios comunitárias propõe algumas restrições à veiculação de publicidade e estabelece limite de potência de 25 watts e abrangência de 1 quilômetro para a emissora comunitária. Podem explorar esse serviço somente associações e fundações comunitárias sem fins lucrativos, com sede na localidade da prestação do serviço. As estações de rádio comunitárias devem ter uma programação pluralista, sem qualquer tipo de censura, e devem ser abertas à expressão de todos os habitantes da região atendida.
Importante esclarecer que as rádios comunitárias podem sim transmitir patrocínio sob a forma de apoio cultural, desde que restritos aos estabelecimentos situados na área da comunidade atendida. Entende-se por apoio cultural o pagamento dos custos relativos à transmissão da programação ou de um programa específico, sendo permitida, por parte da emissora que recebe o apoio, apenas veicular mensagens institucionais da entidade apoiadora, sem qualquer menção aos seus produtos ou promoções/preço, bebidas alcoólicas, etc.
Finalizando, é importante enfatizar que o programa “Conexão Cultura – Assim canta nossa gente” existe desde o ano de 2008, veiculado sempre na rádio Cultura, esta pioneira rádio comunitária de Erechim que foi a primeira a entrar no ar no Rio Grande do Sul com a outorga para funcionamento expedido pelo Ministério das Comunicações, em 2001, e, hoje, o Rio Grande do Sul possui mais de 400 rádios comunitárias.
Sem dúvidas, o projeto “Conexão Cultura - Assim canta nossa gente” busca ampliar o acesso à cultura e, sobretudo, a valorização de segmentos sociais como sujeitos da comunicação, da produção e difusão de conteúdos que reflitam valores associados ao rico universo étnico e cultural que marca nosso estado, além de oportunizar fomento a uma cadeia cultural que precisa de oportunidades de trabalho e renda.
4. Em conclusão, o projeto “Conexão Cultura - Assim Canta a Nossa Gente” é recomendado para financiamento público, em razão de seu mérito cultural, relevância e oportunidade, podendo captar R$ 93.499,00 (noventa e três mil e quatrocentos e noventa e nove reais) junto ao Sistema Integrado de Apoio e Fomento à Cultura.
Porto Alegre, 24 de janeiro de 2021.
Paulo Leônidas Fernandes de Barros
Conselheiro Relator