RESTAURAÇÃO DA IGREJA SÃO PANTALEÃO

Processo: 001995-11.00/12-3 | Data de entrada: 15/08/2012 | Situação atual: Concluído
Produtor cultural: CARMEN LANGARO & CIA. LTDA.

Área/Segmento cultural: PATRIMONIO CULTURAL MATERIAL

Local de realização: GARIBALDI

Identificação:

“Chegando ao Brasil, os imigrantes italianos sentiram-se perdidos, pois viram destruído seu mundo cultural. Aos poucos, porém, conseguiram reconstruí-lo, com as devidas adaptações e de forma espontânea, tendo por referência fundamental a sociedade rural italiana de onde provinham. Este novo mundo girava ao redor da religião, dando mesmo a impressão de que, fora dela, não havia outra forma de vida social. Num ambiente de cristandade, privados de participação política, geográfica e culturalmente insulados entre as montanhas, lutando quase até o desespero para sobreviver fisicamente no meio da selva, foi ao redor da religião que surgiram comunidades espontâneas de relações primárias - as capelas – as quais, por um bom período, pareciam cristalizar ao seu redor as formas todas de relacionamento religioso e social.” Luis De Boni e Rovílio Costa, 2011, p. 153 Restaurar sua igreja centenária é o antigo sonho da comunidade de São Pantaleão, localidade no interior do município de Garibaldi (antiga Colônia Conde d’Eu), a 18 quilômetros do centro da cidade, habitada por descendentes dos italianos que colonizaram a região a partir de 1884. Inaugurada em 1902 e tombada pelo patrimônio Histórico Municipal em 2007, a Capela São Pantaleão é a mais antiga igreja de Garibaldi, conservando seu interior decorado com quadros da época de sua construção e pinturas feitas à mão pelos imigrantes. Ainda hoje o local é utilizado pelos moradores para suas celebrações religiosas, como missas, batizados e casamentos. Conforme o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Comphac) de Garibaldi, em janeiro e fevereiro de 1884 foram concedidos os primeiros títulos provisórios de posse de terra aos imigrantes que chegaram à localidade. Uma igrejinha de madeira foi construída, em local próximo ao local onde hoje se ergue a atual. No ano de 1899, em ato informal, o imigrante Virgínio Piacentini doou à sociedade da capela, também uma instituição informal, uma área de terras para que ali pudesse ser erguida a atual capela São Pantaleão, que foi então construída em regime de mutirão pelos moradores, em um período de aproximadamente três anos. O terreno foi alienado formalmente à Mitra Dicesana de Caxias do Sul em 16 de maio de 1924, conforme escritura pública lavrada pelo juiz distrital Luiz Nicola. As 12 famílias que iniciaram a povoação da localidade contribuíram para a construção da capela, sem distinção de sexo e idade. A argila para produção dos tijolos e assentamento era retirada das proximidades. A madeira era cedida e esfalquejada a mão. Os mestres de obras foram Santo Pelizzari e Davide Agostini, que também se ocuparam dos acabamentos em mais longo prazo e esculpiram a imagem de São Pantaleão. Conforme informações da Paróquia de Garibaldi, a capela foi inaugurada em 1902, sendo que na fachada principal persiste a inscrição “São Pantaleone 1899”, demonstrando que o ano de 1899 marca o início da construção. Por ser rica em história e preservar antigos traços (embora intervenções posteriores tenham em parte descaracterizado o estilo inicial), e necessitando de restauração que previna a perda deste patrimônio fundamental e tão significativo da colonização italiana e de sua religiosidade, a igreja São Pantaleão foi tombada pelo Município, através do Decreto nº 3.197, de 15 de março de 2007: “Fica homologado o tombamento da Capela São Pantaleão e o acervo de objetos e adornos religiosos, imagens sacras e mobiliário existentes em seu interior” (cópia da documentação do tombo encontram-se em anexo). A capela é uma edificação isolada de aproximadamente 180 metros quadrados, com um pavimento, construída em alvenaria de tijolos, em terreno de 3.600 metros quadrados. O grau de conservação é MAU, segundo relatório de tombamento do Comphac. A última pintura interna, realizada há cerca de 20 anos, descaracterizou a capela. Há infiltrações no forro, paredes e piso, bem como rachaduras nas paredes. Os bancos e as aberturas de madeiras estão danificados pela ação dos cupins. O terreno exige obras de drenagem. Internamente, em relação à obra original, foram removidos os balaustres do altar, a sacristia e a “cantoria”, mezanino ao fundo da igreja que acomodava o coro. Entre o conteúdo interno encontram-se oito estátuas sacras, 14 quadros que compõem a via-sacra, a pia batismal original, o confessionário, o altar central e dois retábulos. Por seu caráter histórico e por estar localizada em uma das principais regiões turísticas do Rio Grande do Sul, a restauração da Igreja São Pantaleão será de fundamental importância para Garibaldi, bem como à preservação e ao culto à memória da imigração italiana no Estado, que em 2015 comemora 135 anos. A comunidade, mobilizada em torno deste objetivo comum, criou em 2011 a Associação dos Amigos da Igreja São Pantaleão, presidida por Ayres Piacentini, descendente do imigrante que doou o terreno em 1899. Praticamente toda a história da comunidade está registrada nos anais da capela. Tendo por referência a região rural italiana de onde provinham os imigrantes, a vida nas colônias estruturou-se ao redor das instituições religiosas, modelo de organização sociocultural que persiste fortemente até os dias de hoje. Geograficamente, a Igreja São Pantaleão localiza-se na Estrada do Sabor, roteiro turístico-cultural desenvolvido pela Prefeitura Municipal, ao qual será incorporada como mais um ponto de atração. Por seu caráter religioso, também deverá integrar-se à Rota Religiosa, roteiro turístico-cultural-religioso de Garibaldi hoje integrado por seis dos mais significativos equipamentos histórico-cristãos da cidade.